Educação para
brasileiro ver
Prof. Walber Gonçalves de Souza
Algumas
verdades sobre a educação merecem todo o crédito e acredito que negá-las seria
um absurdo. Incluo neste pacote de verdades, entre outras, as seguintes: educação
é um direito de todos; devemos educar para a vida; a relação escola e família
deve ser harmoniosa; os países desenvolvidos iniciaram seus processos de
desenvolvimento pela educação; a educação é a base do desenvolvimento pessoal e
social...
Existem
vários fatores que comprovam as afirmativas acima. Como exemplo, cito a
constituição, que é a lei máxima da nação e assegura o direito à educação para
todos. Nesta direção, este princípio deveria ser o guia central para o
desenvolvimento das potencialidades dos indivíduos que compartilham da nação.
Como
professor, tenho que acreditar na educação. Senão não faz sentido o meu ofício.
O contrário reforça a ideia do caos, da perpetuação das conjunturas adversas,
da decadência humana e da crença que mudar se torna uma prática impossível. Mas
a realidade é cruel, e acaba criando o sentimento de fracasso, que em muitos
casos torna infecundo o papel do professor. Reforçando ainda mais o sentimento
de inutilidade social.
Neste
sentido, acreditar na importância da educação se torna o cerne das
transformações que desejamos. Haja visto o exemplo de inúmeros países que
trilharam o caminho do saber, para ilustrar menciono o Japão, a Inglaterra,
França... e a candidata a potência mundial, a China, que tem revisto seus
programas de educação pública, na expectativa de manter o seu quadro de
desenvolvimento.
No
Brasil, as páginas que contam a história educação, infelizmente, na maioria dos
casos não são preenchidas de glórias, de acontecimentos positivos, pelo
contrário, quase que chegamos sempre naquela mesma conclusão: nossos
governantes não olham o educação da forma que deveria; povo sem escolaridade é
massa de manobra, não questiona... e assim por diante. Até mesmo quando os
indicies oficiais indicam uma direção, a realidade, que é o termômetro real,
diz outra. Mas isto não é uma novidade pra ninguém!
Mas
como todo livro, podemos escrever novos capítulos, novas edições, a história
pode tomar outros rumos. E é justamente isto que o professor deve acreditar...
nas novas páginas a serem escritas.
Quantos
problemas poderíamos evitar, até os custos dos órgãos públicos poderiam se
redirecionados, se a educação fosse realmente prioridade e de suma importância.
Imaginemos, algumas situações:
Quando
a educação, de fato acontece, realmente ela transforma a vida das pessoas. Não
só financeiramente, mas em outras dimensões da sua vida. Um povo educado,
portanto com conhecimento, procura ter uma alimentação melhor, noções de
higiene... e onde isto reflete, na saúde, num povo mais saudável, e pensamento
friamente em menos gastos para o sistema de saúde. Um povo educado, portanto
com conhecimento, cuida do corpo, através de atividades físicas e/ou demais
atividades que reduzem o sedentarismo. Um povo educado, portanto com conhecimento, cuida,
como diria Platão, da alma... buscando ler, refletir, pensar... e onde isto
reflete, na saúde mental, tornando a pessoa mais polida, equilibrada. Um povo
educado, portanto com conhecimento, cuida dos valores e tradições que
engrandecem os seres e os tornam mais humanos... e onde isto reflete, no olhar
o outro com dignidade. Um povo educado, portanto com conhecimento, cuida dos
patrimônios culturais, zelam pelos espaços públicos... e onde isto reflete, na
convivência com menos violência e com mais respeito. Um povo educado, portanto
com conhecimento, cuidas das ruas, das praças, deposita seu lixo para a coleta nas
horários pré-estabelecidos... e onde isto reflete, na harmonia do ambiente, na
beleza natural das coisas, no sentimento de pertença. Um povo educado, portanto com conhecimento,
não se vê como massa de manobra, acredita em si mesmo, expurga os corruptos,
crê nas possibilidades, agi, busca, trabalha... e onde isto reflete, em uma
sociedade melhor e justa para todos. Um povo educado, portanto com
conhecimento, não tem a síndrome da "Lady Kate": "tô
pagando". Um povo educado, portanto com conhecimento, evita os métodos
ilegais, os jeitinhos, as manobras, os arranjos individualistas... e onde isto
reflete, em menos gastos com o sistema penitenciário. Enfim, um povo educado,
portanto com conhecimento, torna-se cada vez mais gente como atitudes próprias
dos seres humanos.
Portanto,
acreditar na educação é acreditar na transformação, em novos cenários, no possível...
no desenvolvimento de uma sociedade justa e próspera. A exemplo do que acontece
na Dinamarca, Noruega, Suécia...
Mas por
que no Brasil isto não acontece, de fato? A resposta é muito simples: o caos
gera a necessidade; a necessidade gera a "cegueira"; e a
"cegueira" produz o pior de todos os covardes, que de acordo Bertolt
Brecht, seria o político lacaio, corrupto... aquele que não educa, para tentar
garantir sempre a manutenção dos seus cordiais eleitores.
Parafraseando
o dito popular "para inglês ver", termino este texto, dizendo que
nossa educação é "para brasileiro ver". Pois de fato ela não cumpre
os objetivos nos quais ela se fundamenta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário