quinta-feira, 12 de novembro de 2015

ATÉ QUANDO AS COISAS CONTINUARÃO ASSIM?
Todo dia é a mesma coisa. Pode ser via televisão, revista, jornal, redes sociais… Todos os dias as notícias que envolvem a vida pública da nossa cidade são as mesmas. Convivemos diariamente com desmandos e sucessivas gestões catastróficas ou que beiram a melancolia.
Basta voltar o olhar poucos anos para conseguirmos criar uma lista de vários fatos que comprovam a situação de mesmice que impera na vida pública municipal. Vamos recordar alguns destes casos: um prefeito terminou seu mandato em meio ao lixo, que representa bem o que foi sua gestão; outro mergulhado em suspeitas de envolvimento com empreiteiras, máfia da ambulância, doação irregular de terreno; os mais recentes atolados em escândalos, compras mal explicadas de terreno que deveria abrigar casas populares e fazenda particular, fraudes em licitação, merenda de qualidade inferior ao valor pago, peças de veículos a preços exorbitantes, máfia de aquisição de remédios. Até hoje ninguém explicou como realmente funciona a dita cooperativa que movimenta o transporte da prefeitura, mas que já está mais que evidente que movimenta milhões aparentemente “sem destino”; obras algumas paralisadas, outras construídas com qualidade duvidosa e com clara percepção, em todas elas, de existir superfaturamento, falta de transparência, dinheiro entregue para vereadores com direito a filmagem e tudo mais, chantagem nos bastidores como forma de barganha de interesses particulares, reforma de carro que nunca existiu; refiro-me diretamente ao carro da Câmara, sem falar na mais evidente e escancarada falta de compromisso com os interesses da sociedade manifestada através da omissão, negligência, prevaricação, corrupção e assim vai.
E o resultado de tudo isto? Todo dia é a mesma coisa. Basta observarmos que nada efetivamente acontece. A clareza da impunidade fica estampada no sorriso de cada um dos personagens que dia a dia envolvem-se nestas intermináveis situações.  Estão todos por aí, sendo vistos pelas ruas da cidade distribuindo abraços e tapinhas nas costas como se nada, absolutamente nada tivesse acontecido.
E o resultado de tudo isto? Todo dia é a mesma coisa. Uma cidade paralisada no tempo que está se acostumando a ser mal gerida. Ano após ano os problemas se repetem, as promessas também e muito pouco é feito no sentido de reverter, de fato, todo este cenário.
E o resultado de tudo isto? Todo dia é a mesma coisa. Uma sociedade desanimada com o rumo do próprio destino, sem sonhos, sem esperança, sem força, sem coragem. Como diria Raul Seixas, estamos todos “com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”.
E o resultado de tudo isto? Todo dia é a mesma coisa. O sujo fala e acusa o mal lavado, que é julgado pelo porcalhão. E para não perderem a lavagem organizam a divisão do chiqueiro, da forma mais lamacenta possível e assim continuam com as suas atividades imundas.
E o resultado de tudo isto? Todo dia é a mesma coisa. Os poucos que levantam suas vozes acabam tendo suas imagens ofuscadas ou até mesmo confundidas como se todos fossem iguais. E aqueles que deveriam separar o joio do trigo, que é cada um de nós, se esquecem da sua importante e decisiva participação, pois não acreditam mais no processo, na regra do jogo, que são as nossas leis e todo o funcionamento do aparato do Estado, estruturalmente e hierarquicamente organizado.
Uma coisa é certa: não da mais para continuar assim. As coisas precisam mudar, tomar novos rumos. Está na hora de fazer o que é preciso ser feito, o essencial, o primordial. Não temos mais tempo para perder, para esperar. Chega de lermos, ouvirmos, presenciarmos sempre as mesmas notícias, queremos páginas novas, como novas manchetes. Para isto acontecer não há outro caminho, a não ser ter a coragem de tomar as atitudes necessárias. E por hora, esta atitude cabe àqueles que foram escolhidos para governar. Pois esta é a função à eles delegadas.
Coronelismo, corporativismo, amadorismo, apadrinhamento eleitoral, irresponsabilidade são adjetivos que não combinam com uma gestão moderna e eficaz. Enquanto estas forem as características dos nossos gestores a lista iniciada no início deste texto nunca parará de crescer.
Portanto, até quando as coisas continuarão assim?
Walber Gonçalves de Souza é professor. (Artigo publicado no Jornal Diário de Caratinga)

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