terça-feira, 25 de agosto de 2015

Artigo no Diário de Caratinga

PROCURA-SE PROFESSOR
Artigo publicado hoje (25/08) no Jornal Diario de Caratinga.

Que a educação é a mola mestra para o desenvolvimento de qualquer país não é novidade para ninguém. Dela emerge o desenvolvimento tecnológico, científico, social, cultural… humano. Mas para que o processo de educação seja eficaz faz-se necessário a existência de certos princípios básicos, que vão desde a logística operacional; portanto, escolas, materiais didáticos, transporte escolar… ao agente executor, que está na linha de frente de qualquer escola, que é o professor.
Como professor, sou suspeito para afirmar, mas a valorização do profissional do magistério é um dos fatores de desenvolvimento de diversos países. Países que, ao apostar na educação, valoriza o papel do professor, observa-se que o índice de desenvolvimento humano que mede a qualidade de vida da população, tende a ser alto. E notamos também um cenário proporcionalmente diverso, quando verificamos a falta de mérito concedido aos professores. Fica claro, portanto, que o desenvolvimento de qualquer nação passa pelas salas de aula espalhadas pelos mais diversos locais do seu território.
Agora, ao que parece, no Brasil ainda estamos muito longe de acreditar que o professor é este agente possuidor de grande responsabilidade na transformação social. Mas como podemos perceber isto? A resposta é muito simples: “ninguém” quer ser professor. A carência de professores é uma realidade. Verifica-se que em algumas áreas acentua-se de forma mais crítica, mas de modo geral ser professor está se tornando uma carreira em extinção.
Nos diversos centros de formação acadêmica, faculdades e universidades, ficam evidentes que os cursos de formação de professores estão praticamente vazios, quase sem alunos. Para alguns cursos nem procura há tamanho o desinteresse pela carreira.
De uns anos para cá, todo ano a história se repete, quando as escolas e cursinhos procuram por professores para o preenchimento de alguma vaga é uma dificuldade para encontrar alguém. Abrem-se editais e em muitos casos não aparecem candidatos nem para concorrer ao cargo. Substituição para poucos dias então, nem se fala, ai é que as coisas se complicam mesmo.
Dentro deste cenário, que causas poderiam ser apontadas como motivadoras desta desoladora realidade? Dentre várias analisarei três.
Primeiro, tentaram de toda forma acabar com a nossa identidade. Esqueceram que a exemplo de outras profissões, os professores também devem evoluir, aprimorar-se, desenvolverem intelectualmente. Tentaram e continuam tentando fazer os professores acreditarem que eles são tudo menos professores. Tanto que a palavra professor ganhou um peso negativo, arcaico, com ares de instituição falida. A nova nomenclatura a ser utilizada é educadores. Era preciso ser educador e não mais professor. Esqueceram que um dos papeis de um verdadeiro professor é também colaborar com o processo de educar. Pois educadores todos nós somos, ou deveríamos ser, independente de qual profissão exercemos. Assim nasce um sentimento de vergonha, de desvalorização, de descaso. Quiseram transformar o ser professor em algo fora de moda… algo feio.
Segundo, por mais que gritem e espalhem, via propagandas governamentais, que os professores são valorizados economicamente, isto não condiz com a realidade. Alguns poucos professores, por trabalharem em escolas particulares e/ou federais, que também já não renumeram como antes, ganham um pouco mais que a média nacional. Mas a grande maioria dos professores que estão lotados nos quadros das redes municipais ganham mal, são pessimamente remunerados.
Para confirmar tal realidade cito dois fragmentos, um do Prof. Eugênio Maria Gomes, que diz: “Eu quero acreditar que, um dia, o nosso professor será valorizado e respeitado pelos governos e pela sociedade, que serão bem remunerados e que não precisarão fazer “bicos” para complementação da renda, despendendo tempo com atividades outras que não seja a Educação.” E o outro do economista Henrique Fonseca, que afirmou: “Isto ocorre, por exemplo, com muitos profissionais da Educação e Saúde, que mesmo com cursos de pós-graduação, recebem baixos salários e ocupam vagas abaixo de suas expectativas”.
Terceiro; não há uma política pública eficaz de valorização do profissional da educação. No máximo há falácias, discursos hipócritas… tentativas enganosas de ludibriar e reviver eternas esperanças que nunca se concretizam.
Enfim… Procura-se professor!!! Quem se habilita?
Walber Gonçalves de Souza é PROFESSOR.

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