quinta-feira, 7 de abril de 2016

ELEIÇÕES: O JOGO COMEÇOU
Artigo publicado no dia (05/04) no Jornal Diário de Caratinga.

Começou “oficialmente” a corrida para os pretensos candidatos aos cargos públicos de vereadores e prefeitos em todo o país; pois no dia 2 de abril findou-se o prazo legal de filiação partidária e/ou trocas de partido. Assim, em breve será possível conhecer a lista dos nomes que figuram em cada partido, destes nomes sairão os candidatos.
Sabemos que a filiação partidária é um dos pré-requisitos necessários para a disputa de qualquer cargo eletivo, portanto a importância da data mencionada.
Agora os partidos começam a organização interna, escolher dentre os nomes dos filiados quem serão os candidatos a vereador, vice-prefeito e prefeito. Os partidos irão avaliar se haverá ou não composição com outros partidos em torno de um mesmo nome para a disputa majoritária, para prefeito, ou se disputarão as eleições sozinhas, lançando assim um membro do próprio partido.
Internamente começa, portanto, o jogo das composições político-partidárias. Sabemos que este jogo nem sempre é feito de forma transparente, que estas composições realizadas nos bastidores escondem um jogo de busca ou manutenção do poder. Como em todo jogo há sempre um ganhador e um perdedor. Mas neste caso costuma-se ter mais de um perdedor: o candidato derrotado e o povo.
Mas por que o povo também pode ser considerado um derrotado? Porque na grande maioria dos casos durante a composição dos grupos que disputarão as eleições, os interesses em questão são os mais diversos possíveis, menos os interesses da cidade, do povo, do cidadão.
A preocupação primeira está ligada aos interesses particulares das pessoas ou dos grupos que darão seu apoio ao candidato escolhido. Assim como diria o ditado popular, em troca do apoio aos poucos o candidato vai “vendendo sua alma ao diabo”; que como todos sabem, pode demorar, mas um dia vai cobrar a conta. E nestes casos a conta costuma ser cara demais. Tão cara que impede que a administração de quem ganhou seja coerente com as promessas ou propostas feitas durante a campanha.
Este ciclo vicioso parece ter contaminado de tal forma o processo eleitoral que não conseguimos visualizar outra saída, passamos a acreditar que não há outro caminho. O sistema eleitoral da forma que se apresenta na atualidade parece estar dando sinal que está chegando a seu fim. Se é que não chegou.
O jogo que começou no dia 2 de abril, deveria ter começado no dia 1°, pois do jeito que tem se manifestado não passa de uma grande mentira. Apresenta ares de democracia, de inovação, de mudanças de estruturas, de renovação dos sonhos, das esperanças, da crença em dias melhores. Mas se concretiza de uma forma totalmente diferente, deixando a realidade ainda mais desumana, sem esperança, sem credibilidade; destrói os sonhos, perpetua a imoralidade no trato das coisas públicas, gera a mesquinharia, propaga a mentira, faz desfilar perante todos nós a impunidade, nos obriga a engolir a corrupção e seus corruptos e corruptores como se fossem situações normais que fazem parte do jogo.
O jogo que começou no dia 2 de abril deveria ter começado no dia 1°, pois ele é feito com paradigmas da mentira, da enganação das pessoas, com as artimanhas do marketing da persuasão barata e simplesmente interesseira. Chegamos ao ponto de em cada eleição vivenciarmos tantas promessas vãs, que aos poucos estamos ficando descrentes de tudo e de todos. E motivos para isto é que não falta, é claro!
O jogo que começou no dia 2 de abril, deveria ter começado no dia 1°, pois as nossas cidades estão virando uma grande mentira. A saúde que deveria ser de qualidade, pois é propagada assim está à beira da morte; na pátria educadora as cidades apresentam uma educação de péssima qualidade, com raríssimas exceções; as questões ambientais ainda gritam por socorro, é preciso brigar para que o esgoto seja tratado, o lixo remanejado de forma correta, as áreas de proteção ambiental protegidas, pouquíssimas são as áreas de lazer, os ambientes de diversão. Cultura? Só se for a do créu, velocidade 1000, assim tudo fica tranquilo e favorável.
Na verdade o jogo, como as suas “regras ocultas”, que está começando deveria acabar; o bom mesmo seria nem começar. Pois do jeito que ele está as coisas continuarão imutavelmente no mesmo lugar, infelizmente!
Walber Gonçalves de Souza é professor

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