quinta-feira, 26 de maio de 2016

A ESTRELA APAGOU
Artigo publicado no Diário de Caratinga, 
Diário de Teófilo Otoni e Diário de Manhuacu - 17/05.



Primeiro de janeiro de 2013 inicia-se para muitos brasileiros o governo da esperança; inicia-se a concretização do sonho de ver a dita esquerda governando o país; acredita-se que haverá dias melhores; que o Brasil será uma nova nação, onde o povo pela primeira vez na história deste país terá vez e voz; que a corrupção será combatida; que a reforma agrária acontecerá de verdade; que os velhos lobos da política brasileira serão combatidos; que as antigas formas de se fazer política ficarão registradas apenas nos anais da história; daquele dia em diante acreditou-se que o Brasil tomaria outro rumo, que os capítulos da nova história seria escrito com outros adjetivos, bem diferentes dos experimentados pelo povo brasileiro até então.
O sonho por dias melhores era tamanho que parecia que tudo iria dar certo. Até mesmo os primeiros meses de governo, marcado por uma dose de arrocho, tornou-se aceito e visto como necessário. Notava-se que aos poucos as coisas foram se alterando, os indicadores socais sofriam modificações positivas, parecia que estávamos no caminho certo, que desta vez tudo seria diferente. Até que enfim havíamos encontrado o caminho do desenvolvimento, nossa nação estava dando sinais que seria um lugar de se viver dignamente, conforme todos sonhamos e desejamos.
Mas algo estranho acontecia debaixo dos nossos olhos, mas como as coisas de certa forma pareciam que estavam caminhando bem, talvez não queríamos acreditar que poderiam ser os primeiros sinais de que havia algo podre por debaixo daqueles ares de bonança.
Mas que fatos são estes? Recordemos alguns: a famosa cena do aperto de mão de Lula com Paulo Maluf; o apoio dado pelo PT ao Renan Calheiros para que ele assumisse a presidência do Senado; a surpreendente coligação do PT com partidos tradicionalmente opostos em nome da manutenção do poder; a relação com famílias tradicionais da nossa política que já demonstraram por inúmeras vezes seus interesses pessoais, entre elas podemos citar a família Sarney (historicamente inimigos); o apoio ao Fernando Collor; o mensalão; o petrolão; sem falar em nomes de vários ministros que ocuparam cargos estratégicos durante estes 13 anos de poder e de pessoas que enriqueceram por vias duvidosas, pois com certeza existem certas profissões no Brasil, inclusive a minha, professor, cito também ajudante de zoológico, profissões que nunca possibilitarão o enriquecimento, ainda mais de uma forma surpreendentemente rápida.
A juntada destes fatos mostra-nos que aos poucos a cúpula petista foi se moldando aos velhos clichês e a tão combatida e tradicional forma de se fazer política no Brasil. Mas é claro com um sotaque aparentemente novo.
Para sermos justos sabemos que durante estes 13 anos um número expressivo de petistas históricos foram levantando suas vozes e alertando que o caminho que estava sendo seguido não estava de acordo com as diretrizes do partido. Muitos começavam a afirmar que o PT estava se tornando mais um, como os demais. Praticamente todos foram tratados com desprezo, como se estivessem errados e o pior como se fossem inimigos dos avanços os quais o povo brasileiro estava conquistando. A maioria abandonou a sigla.
E o resultado de tudo isto? Criamos uma ilusão, um conto de fadas, que se tornou insustentável. Em nome de um populismo barato, destruíram a nação, mantiveram e fortaleceram o que há de mais podre na política brasileira, os velhos lobos e os seus velhos hábitos.
Insistem em dizer que está tudo bem, que não há crise, que é tudo invenção. Não reconhecem os seus limites, seus erros, não reconhecem que fizeram lambança demais, que mataram a esperança. Veja a realidade que nos cerca, de analfabetos, nos transformamos em uma nação de analfabetos funcionais; o Bolsa Família ano após ano só aumenta o número de beneficiados, demonstrando que a pobreza está aí presente; a dívida pública praticamente 70% do PIB. Deram com uma mão e puxaram com a outra!
Não podemos negar que muitas conquistas aconteceram, ocorreram indizíveis avanços em vários setores. Mas em qual governo não houve? Mas da mesma forma que nunca aplaudirei um traficante, por mais que ele faça “bondades” para manter-se com o poder na comunidade, não dá para aplaudir políticos, que de maneira análoga ao traficante, fazem a mesma coisa.
A estrela se apagou! A estrela que um dia mostrou-se como uma estrela guia, cadente e irradiante, transfigurou-se em um estrela nebulosa, envolta em mentiras, promiscuidade, imoralidade, de tudo aquilo que ela sempre condenou.
Walber Gonçalves de Souza é professor.

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